GOVERNAMENTALIZAR OS CORPOS: MEDICAMENTOS SEM EFICÁCIA CIENTÍFICA E A COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.31512/19819250.2022.23.01.79-94Palavras-chave:
Pandemia. Dispositivos de Segurança. Governamentalidade.Resumo
A presente pesquisa teve por finalidade analisar os usos de medicamentos sem eficácia científica comprovada no combate à pandemia da COVID-19. O método de trabalho consistiu na elaboração de um estudo exploratório sobre notícias e notas informativas em publicações online em endereços eletrônicos e portais entre março de 2020 e junho de 2021, sobre conteúdos e títulos que fizessem menção a determinados tratamentos médicos, por parte de algumas autoridades políticas. Ao todo foram selecionadas 337 reportagens, sendo 83 delas no ano de 2020 e 254 no ano de 2021, e que foram organizadas em cinco categorias de análise: a) Tratamento precoce; b) Cloroquina; c) Ivermectina; d) KIT-COVID e, e) Negacionismo. A análise dessas categorias foi realizada tendo como referência os estudos foucaultianos sobre a biopolítica e a governamentalidade (FOUCAULT 1977; 2011). Concluiu-se que a utilização política dos medicamentos para a COVID-19 configura-se como uma alegoria das formas, ou melhor, das práticas refletidas de governo sobre a vida e a verdade. Deste modo, percebe-se que, no contexto brasileiro, a emergência de uma crise sanitária como a provocada pela pandemia de COVID-19 compreendeu a formulação de uma estratégia de controle sobre a vida da população a partir dos elementos estratégicos responsáveis por indicarem, na utilização desses medicamentos, a presença de uma suposta normalidade pela qual a Economia não seria afetada.
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