INFÂNCIAS E MIGRAÇÕES
OUTROS CORPOS, OUTRAS VOZES NO ESPAÇO ESCOLAR!
DOI:
https://doi.org/10.31512/19825625.2025.20.36.196-222Palavras-chave:
Decolonialidade, Infâncias latino-americanas, Migrações, ProfessorasResumo
A presença de crianças nos fluxos migratórios para o Brasil nas últimas décadas vem chamando atenção. A partir destes fluxos, voltamos o olhar para o campo educacional e, de maneira específica, a necessidade de pensar estratégias pedagógicas que contribuam para o seu acolhimento no ambiente escolar. Neste sentido, o presente texto tem o objetivo de refletir acerca das concepções de criança e de infâncias migrantes, a partir das experiências de professoras pedagogas, e a relação com o acolhimento destas no ambiente escolar. Fazemos o movimento de pensar as infâncias desde a América Latina, numa contraposição ao pensamento pedagógico hegemônico a respeito das crianças e das infâncias, em diálogo com a perspectiva teórico-metodológica decolonial (Walsh, 2016). Partimos da discussão bibliográfica, com ênfase nos conceitos de infâncias e interculturalidade, articulados à análise das narrativas de professoras dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental da rede pública municipal de São Miguel do Oeste – SC, a respeito das suas práticas pedagógicas a partir da presença de estudantes estrangeiros em suas salas de aula. As discussões indicam para um contexto de preocupações das professoras com o acolhimento e a hospitalidade de crianças imigrantes, ao mesmo tempo que há lacunas na formação continuada que abordem a temática com olhar e respeito para com a diversidade.
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