O ENSINO MÉDIO E OS REFORMADORES EMPRESARIAIS DA EDUCAÇÃO: NA CONTRAMÃO DA PROPOSTA DOS EDUCADORES

Autores

  • LUZIANE SAID COMETTI LÉLIS Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC/PA) e Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC/Belém)

DOI:

https://doi.org/10.31512/19819250.2020.21.03.80-92

Resumo

O texto apresenta a maneira como o ensino e a economia vem sendo articulados pelas políticas neoliberais implementadas a partir do século XXI. Analisa as implicações da reforma do Ensino Médio para a juventude brasileira, ao limitar a formação humana e direcionar o currículo para a formação de “personalidades produtivas” que atenda ao modelo de organização mais flexível, assim como a melhoria dos resultados nas avaliações externas. Trata-se de uma revisão bibliográfica inserida nos debates sobre trabalho-educação-juventude evidenciando duas concepções de formação humana em disputa: a dos educadores progressistas e a dos reformadores empresariais da educação. Constata-se que a recente reforma da última etapa da educação básica legaliza a existência de diferentes finalidades educativas para atender os interesses do capital, abrindo espaço para o empresariado assumir a gestão da educação.

Biografia do Autor

LUZIANE SAID COMETTI LÉLIS, Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC/PA) e Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC/Belém)

Possui graduação em Pedagogia, Especialização em Educação e Informática, Mestrado em Educação - Currículo e Gestão da Escola Básica pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Atualmente é Coordenadora Pedagógica pela SEMEC, Coordenadora de Laboratório de Informática e Professora da Educação Básica pela SEDUC. Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, Política e Gestão de Sistemas e Organizações Educacionais e associada à Associação Nacional de Política e Administração da Educação - ANPAE.

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Publicado

2021-02-09

Como Citar

LÉLIS, L. S. C. (2021). O ENSINO MÉDIO E OS REFORMADORES EMPRESARIAIS DA EDUCAÇÃO: NA CONTRAMÃO DA PROPOSTA DOS EDUCADORES. Revista De Ciências Humanas, 21(3), 80–92. https://doi.org/10.31512/19819250.2020.21.03.80-92