Gênero na educação infantil: (des)caminhos de uma política pública não consolidada

Autores

  • Daniela Auad Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - MG
  • Maria Rita Neves Ramos UFJF

DOI:

https://doi.org/10.31512/19819250.2018.19.01.77-94

Palavras-chave:

Gênero, Educação, Educação Infantil, Políticas públicas, Feminismos.

Resumo

O presente artigo é resultado de pesquisa cujo foco principal foi conhecer como a Educação Infantil lida com as relações de gênero no município de Juiz de Fora, no Estado de Minas Gerais. Com esse propósito, o estudo contou com buscas bibliográficas, documentais e também entrevistas com professoras da rede, representantes da Secretaria de Educação e da Coordenadoria de Políticas Públicas Casa da Mulher. O debate desses dados, com referenciais feministas e com a atual conjuntura política, é rico pois o momento aponta para a retirada do tema gênero dos Planos Nacionais e Municipais de Educação, ao lado da forma precária com a qual a rede de ensino aborda a questão. Todo esse contexto pode significar (mais um) retrocesso na Educação das crianças pequenas, uma vez que a censura de discussões junto às crianças rompe completamente com as prerrogativas constitucionais que reconhecem a criança como cidadã. Tal cenário se traduz em mais um desafio para as políticas voltadas à criança. Esta torna a ser, de maneira ultrapassada, vista como incapaz de lidar com debates voltados à sua própria realidade social e ao cotidiano de outras pessoas com as quais convive. Assim sendo, se colocam em xeque tanto os posicionamentos políticos referentes às variadas concepções de infância presentes na formação inicial e continuada de professores/as quanto o reconhecimento social que as múltiplas infâncias têm nas variadas searas da sociedade brasileira.

Biografia do Autor

Daniela Auad, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - MG

Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (FACED/UFJF), na linha Gestão, Políticas Públicas e Avaliação Educacional. Na Graduação, é responsável por disciplinas da área de Sociologia da Educação; Estado, Sociedade e Educação; Relações de Gênero e Educação em uma perspectiva feminista. Concluiu pós-doutorado no Departamento de Sociologia da Universidade de Campinas (UNICAMP) em 2008. Na Universidade de São Paulo (USP), realizou Doutorado em Sociologia da Educação (2004), Mestrado em História e Filosofia da Educação (1998) e Graduação em Pedagogia (1995). Na Iniciação Científica, no Mestrado e no Doutorado, foi contemplada com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Realizou, durante o Doutorado, estágio de pesquisa em Paris, no Instituto de Pesquisa em Ciências Contemporâneas (IRESCO), associado ao CNRS e à Universidade Paris 8. Atuou como assessora técnica da Coordenadoria Especial da Mulher do Município de São Paulo e foi, no âmbito desta função, coordenadora do primeiro Curso de Gênero para Educadores da Rede Municipal da Cidade de São Paulo (2004). É autora dos livros Feminismo: que história é essa? (DP&A, 2003), Educar Meninas e Meninos: relações de gênero na escola (Contexto, 2006), Gênero e Políticas Públicas: avanços e desafios (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres & UCDB/MS, 2008); O Professor e a Professora diante das Relações de Gênero na Educação Física Escolar (Cortez, 2012). Como líder do Grupo de Pesquisa Educação, Comunicação e Feminismo, desenvolve atividades de docência, pesquisa e extensão tanto na Universidade quanto no âmbito de variadas ações de Movimentos Sociais, sobretudo os Movimentos LGBT e Feminista.

Referências

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Arquivos adicionais

Publicado

2018-05-21

Como Citar

Auad, D., & Ramos, M. R. N. (2018). Gênero na educação infantil: (des)caminhos de uma política pública não consolidada. Revista De Ciências Humanas, 19(01), 77–94. https://doi.org/10.31512/19819250.2018.19.01.77-94