MANIFESTAÇÕES CULTURAIS NO ESPAÇO AGRÁRIO DE FREDERICO WESTPHALEN (RS) VOLTADAS AO SABER DO CAMPO NA ALIMENTAÇÃO HUMANA / CULTURAL EXPRESSIONS IN FREDERICO WESTPHALEN (RS) AGRARIAN SPACE RELATED TO RURAL KNOWLEDGE ABOUT HUMAN NUTRITION

Antônio Carlos Moreira, Diogo de Mello

Resumo


A presente pesquisa teve como objetivo entender a cultura camponesa do espaço agrário de Frederico Westphalen (RS) ao identificar e analisar os traços presentes na arte da
alimentação humana, o que resistiu aos avanços dos princípios capitalísticos. A cultura camponesa se diferencia da cultura capitalista pelo modo que o camponês percebe e sente a
terra, pois trata a mesma como um lugar de onde tira o seu sustento, e também um lugar onde pode se identificar para viver. Em contato com a natureza aplica seus conhecimentos e
técnicas, oriundos da observação do cosmos, numa interação racional e sentimental com os elementos que constituem a natureza, enquanto que a cultura capitalística tem como finalidade
o lucro, transformando a natureza em mercadoria, e principalmente num lugar para explorar e acumular capital. Entendemos que a alimentação se constitui num dos traços mais intrínsecos presentes na cultura das comunidades camponesas, pois os saberes referentes a ela são passados de geração para geração, através das relações interpessoais, além da criatividade
adquirida por meio das atividades realizadas para cuidar da terra, criar os animais e fabricação dos alimentos. Também entendemos que é um dos fatores culturais mais marcantes por ser construído e reconstruído cotidianamente. Na medida em que os camponeses se modernizaram e começaram a participar das relações de mercado, que pela lógica, também mudariam a sua forma de alimentação, de acordo com o novo modelo, se adaptando a nova
ordem. A pesquisa permitiu percebermos que não houve um total aculturamento, pois descobrimos que na alimentação diária, ainda há preferências por alimentos ditos “crioulos”, segundo o linguajar local. A recusa por produtos industrializados e a permanência de técnicas que nada ou pouco têm a ver com a agricultura moderna denunciam que os traços culturais, principalmente referentes à forma de se alimentar, não foram, tão facilmente, apagados da
memória. Da cultura alimentar camponesa, parte desses traços sempre se fizeram presentes, já outros, que haviam sido deixados de lado por um tempo, começaram a ressurgir novamente,
rejeitando toda uma pressão adotada pelos fundamentos do mercado. Em muitos casos, foram identificadas marcas culturais vivas apenas na memória, principalmente entre os agricultores
de maior experiência camponesa, que ao relembrar daquele contexto histórico expressavam sentimentos de saudade e alegria, não apenas pelo modo de se alimentar, mas também pelas
relações humanas fundamentadas em princípios de amizade e solidariedade. Essa caminhada enquanto pesquisador iniciante, nos possibilitou aprender muito com relação à vida dos homens que habitam o espaço agrário de Frederico Westphalen- RS no que tange a alimentação, percebemos que essas pessoas desejam uma vida saudável e auto-sustentável. Avaliamos que a pesquisa se mostra de fundamental importância para a aprendizagem, além
de nos proporcionar reflexões referentes à realidade territorial local, contribuindo com isso, que pensemos em propostas políticas voltadas para o melhor planejamento de um desenvolvimento com sustentabilidade ecológica, econômica, social, política e cultural.

Palavras-chave


Cultura. Camponês. Alimentação.

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Direitos autorais




Revista de Ciências Humanas - Educação, Frederico Westphalen, RS

ISSN 1981-9250

Qualis/CAPES 2017-2020: A4 - Educação; Ensino; Interdisciplinar

Prefixo DOI: 10.31512

E-mail: rhumanas@uri.edu.br

 

 * Contagem iniciou em 28/04/2019.

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