CONSTRUÇÃO DE LEITORES LITERÁRIOS E ENSINO HÍBRIDO: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL?
Abstract
A proposta deste artigo é discutir possibilidades de formação de leitores literários no contexto de uma era tecnológica, digital, contemporânea, com uma investigação com alunos dos anos finais do Ensino Fundamental. Nessa perspectiva, os objetivos desse estudo são: a) pesquisar concepções acerca da construção do leitor literário e do ensino híbrido; b) mapear o perfil leitor de alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, de escolas públicas, das redes municipal e estadual, do município de Frederico Westphalen/RS com a finalidade de constatar suas preferências (ou não), necessidades e interesses de leitura; c) conscientizar professores e alunos de que o pensamento é complexo e sobre as possibilidades de ampliar estruturas mentais a partir da leitura literária. Isso posto, o artigo possui como sustentação teórica princípios defendidos por autores como Santaella (2013, 2014, 2015, 2016), Chartier e Chartier (2016), Rösing (2009, 2016, 2017) e Zilberman (2001, 2012, 2016, 2017) que discorrem sobre a ampliação conceitual do ato de ler em diferentes modalidades. Apresentam-se, na sequência, proposições acerca da formação de leitores literários, com estudos desenvolvidos por Rösing (2009, 2016, 2017), Cerrillo (2016, 2017), Zilberman e Lajolo (2017) e Nussbaum (2015). Apontam-se, também, possibilidades a serem desenvolvidas no ensino híbrido, a partir do envolvimento com os textos literários, que contribui para o aprimoramento psicossocial dos indivíduo, com subsídios de Cerutti e Nogaro (2016), Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015), Horn e Staker (2015), Coscarelli e Ribeiro (2014), Coll e Monereo (2010) e Vickery (2016). A metodologia utilizada para este estudo é bibliográfica e de pesquisa-ação. Selecionaram-se 17 escolas, 11 da rede estadual e 6 municipal, do Ensino Fundamental, anos finais, do município de Frederico Westphalen/RS, para constituírem-se como público-alvo a responder a um questionário composto por 20 questões objetivas. Foram convidados 800 alunos para opinarem sobre como, o quê, quando e por que eles leem, com o objetivo de delinear seu perfil leitor. Os resultados apontam que a leitura literária é uma prática entre os estudantes, que discordam da forma impositiva e avaliativa com que os professores cobram a leitura. Inferiu-se das respostas o desejo dos alunos de mesclarem atividades presenciais em sala de aula com a utilização do meio digital. Evidenciou-se no olhar dos alunos a importância da utilização de tecnologias na prática docente para elaborar roteiros de aula em que os alunos contatem previamente materiais que se relacionem com o conteúdo que será discutido em sala de aula com a mediação do professor. Essa possibilidade demonstra a utilização pelos alunos de estruturas mentais diferenciadas que podem ser ampliadas a partir das estratégias utilizadas no ensino híbrido. Isso é possível com o desenvolvimento de metodologias ativas que promovam a reflexão e o compartilhamento de aprendizagens, pois estimulam o estudo constante, a independência e a responsabilidade para o trabalho em equipe. Defende-se a circulação dos alunos entre atividades que valorizam peculiaridades do material impresso ao meio digital com sua riqueza de linguagens e de recursos. A complexidade do pensamento, estudada, entre outros teóricos, pelo pesquisador espanhol César Coll (2010), precisa ser observada, entendida e desenvolvida pelos professores que, contemporaneamente, dividem o protagonismo no processo de aprendizagem com os alunos. Assim, é determinante desenvolver ações pedagógicas entre as quais a leitura que propiciem um entendimento das linguagens de diferentes naturezas e do uso de recursos do meio digital. Por fim, a ampliação de habilidades de leitura mais complexas podem contribuir com a realização efetiva dos princípios sintonizados pelo trinômio educação-cultura-tecnologia.Downloads
Published
2021-02-25
How to Cite
Hoffmann, A. E. (2021). CONSTRUÇÃO DE LEITORES LITERÁRIOS E ENSINO HÍBRIDO: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL?. Revista Língua&Literatura, 22(40), 3–30. Retrieved from https://revistas.fw.uri.br/revistalinguaeliteratura/article/view/3811
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