A RISADA SUBVERSIVA: O JOGO DO PODER EM ENDGAME, DE SAMUEL BECKETT
Keywords:
Pós-modernismo. Teatro do Absurdo. Linguagem. Crise da representação.Abstract
Samuel Beckett, autor de Endgame (1958) e Waiting for Godot (1952), tem sido amplamente estudado por diversos críticos das literaturas e das artes no que tange a sua faceta existencialista. Propõe-se, contudo, através do presente trabalho, uma análise da peça Endgame (1958), vista enquanto uma expressão “avant la lettre” do movimento pós-moderno, a despeito da crença de este último constitua um processo de avaliação estética alienante, ou seja, totalmente destituído de caráter político. Ao contrário desta afirmativa, Linda Hutcheon (1990) abre caminhos para um olhar crítico sobre o movimento, delineando neste uma vertente na qual residiria seu maior potencial, isto é, o tom ambíguo, que se apropria e ao
mesmo tempo ridiculariza convenções estabelecidas invariavelmente em torno do poder. Pretende-se demonstrar aqui, portanto, que a obra de Beckett se pauta por um constante humor, velado pela roupagem acadêmica, que, de princípio, explora a linguagem enquanto si mesma, não enquanto um veículo para a caracterização ora das personagens, ora do cenário, mas antes como elemento constitutivo de um texto que mina representação no seu cerne, fazendo-a nua e crua, através de seu esvaziamento envolto a repetições e construções desconexas, criando-se um universo de significação que nunca se fecha, e, intencionalmente,
extirpando da página qualquer esperança de conclusão. Como aparato teórico, respondem trabalhos de Linda Hutcheon e John McGowan a respeito da política do pós-modernismo, bem como alguns estudiosos de Beckett como Hugh Kenner e Paul Lawley.
THE SUBVERSIVE LAUGH: THE GAME OF POWER IN SAMUEL BECKETT’S ENDGAME
Samuel Beckett, author of Endgame (1958) e Waiting for Godot (1952), has been widely studied by many literary and art scholars concerning his existentialist facet. Nevertheless, we propose, through this paper, the analysis of Endgame (1958), seen as an avant la letter expression of the post-modern movement, when it comes to the belief that the latter constitutes a process of an alienating aesthetic evaluation, i. e, totally dismissed of a political tone. As opposed to this statement, Linda Hutcheon (1990) opens up possibilities for a critical gaze about this movement, outlining a perspective in which its greatest potential lies
– the ambiguous tone, which appropriates and mocks established conventions invariably surrounding power. We intend, therefore, to demonstrate that Beckett’s play is created under a constant humor, hidden by an academic touch, that, at first, explores language in itself, not as
a vehicle to the characterization of subjects and settings, but as a constitutive element of a text that undermines representation in its centre, exposing it, through its deflation wrapped in disconnected constructions and repetition, building a universe of meanings that are never
closed, and, intentionally, eradicates from the page any hope for conclusion. The theoretical apparatus used to defend our ideas were works by Linda Hutcheon and John McGowan concerning Post-modernism, and Beckett’s critics, such as Hugh Kenner and Paul Lawley.
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