ESTEREÓTIPOS DE PERSONAGENS DE HISTÓRIAS INFANTIS SOBRE AVENTURAS CIENTÍFICAS CRIADOS PELA GenIA

Resumo

A proliferação da Inteligência Artificial Generativa (GenIA) significa que se está testemunhando uma mudança transformadora na educação. Embora ofereça possibilidades interessantes para a aprendizagem personalizada seu potencial pode acabar por reforçar preconceitos e perpetuar estereótipos, o que levanta preocupações éticas e pedagógicas no que se refere ao seu uso na criação de histórias destinadas ao público infantil. Este artigo tem como objetivo examinar criticamente o uso da GenIA na produção de literatura infantil, no que se refere à promoção de estereótipos associados à personagens que desenvolvem atividades cientificas. Usando uma metodologia qualitativa exploratória, comparou-se as narrativas geradas por quatro aplicativos disponíveis no mercado, de acesso gratuito. Todos os chatbots utilizados obedeceram aos mesmos prompts, sendo utilizados três distintos. As histórias foram do gênero aventura, envolvendo atividades científicas relacionadas aos insetos. A análise seguiu a Análise de Conteúdo e os resultados mostraram que a IA é uma ferramenta poderosa para promover tanto narrativas não sexistas como narrativas sexistas, e gerar histórias para crianças que desafiam estereótipos e promovem diversas representações de gênero. No entanto, deve-se ter atenção, pois nem todos os chatbots apresentaram equidade de gênero e em algumas narrativas ainda ocorreram situações, mesmo que pontuais de estereótipos reducionistas sobre os cientistas e que devem ser combatidos. O ponto de maior importância esteve associado à promoção de narrativas que envolveram personagens infantis, e valorização do contato destes com a natureza, em atividades que envolveram investigações, coletas e registros, bem como o compartilhamento dos saberes pelas próprias crianças-investigadoras.