SOBRE A NÃO-NOVIDADE DO PÓSTUMO: O BRASIL VELHO DE MÁRIO DE ANDRADE

Autores/as

  • Ricardo Namora

Resumen

A saída mais fácil para etiquetar um objeto que é, ao mesmo tempo, inclassificável e grande de mais para passar despercebido, costuma consistir numa colagem, nem sempre linear, desse objeto com o rótulo disponível mais cómodo e fácil de usar. No caso de Mário de Andrade, esse rótulo foi tomado emprestado, como seria natural, ao movimento modernista, no qual a sua influência foi notória, e reconhecida, quer na época pré, durante e pós-Semana de Arte Moderna de 1922, quer para a posteridade. Apesar do caráter notoriamente disperso e multifacetado da sua obra, a justiça da história que sobre ele foi feita consumou-se numa série de versões parecidas desse momento iniciático. Tendo em conta que a produção literária de Mário de Andrade se iniciou formalmente em 1917, que a glória (e a polémica) lhe tinham chegado justamente em 1922, com Paulicéia Desvairada e que, no entretanto, ele havia sido um elemento-chave em todas, ou quase todas, as vanguardas estéticas, literárias e culturais do Brasil, nada maisnatural. O Modernismo passou, então, a ser o corolário natural da actividade antecedente de Mário de Andrade e, emconsequência, o rótulo disponível mais fácil de usar. Acontece que uma série de factores sabotaram esta arrumação aparentemente consensual.

Publicado

2015-09-21

Cómo citar

Namora, R. (2015). SOBRE A NÃO-NOVIDADE DO PÓSTUMO: O BRASIL VELHO DE MÁRIO DE ANDRADE. Revista Literatura Em Debate, 9(16), 96–108. Recuperado a partir de https://revistas.fw.uri.br/literaturaemdebate/article/view/1857