ÁFRICA À DERIVA: MEMÓRIAS COLONIAIS EM MIA COUTO

Maria Perla Araújo Morais

Resumo


No romance Venenos de Deus, remédios do Diabo, Mia Couto revê o discurso da colonização portuguesa de Moçambique. Para isso, cria a imaginária Vila Cacimba no momento após a guerra civil moçambicana. Na Vila, o português Sidónio Rosa tenta entender a realidade múltipla e os discursos conflitantes que encontra por lá. Mia Couto põe à prova, por meio da figura desse português, a própria Língua Portuguesa como instância capaz de traduzir e mediar o contato entre culturas. Contra a falta de memória, a escrita literária de Mia Couto cria espaços, tempos e linguagem para um território constantemente exposto a uma tradução pelos códigos alheios. Aqui, a Língua Portuguesa é desorganizada, endoidecida, envenenada, para dela se extrair um remédio contra a diluição da identidade e contra a perda de memória.

DRIFTING AFRICA: COLONIAL MEMORIES IN MIA COUTO

In the novel Venenos de Deus, remédios do Diabo, Mia Couto re-examines the discourse about Mozambique’s Portuguese colonization. He creates an imaginary village, Vila Cacimba, just after the Mozambican civil war. In this village, the Portuguese Sidónio Rosa tries to understand the multiple reality and the conflicting discourses he finds there. Mia
Couto proves, through Sidónio, the Portuguese language itself as an instance able to translate and mediate the contact between cultures. Against the loss of memory, Mia Couto’s literary style creates space, time and language to an area constantly exposed to translations by other
people’s codes. Here, the Portuguese language is disorganized, maddened, poisoned, in order to extract from it a remedy against identity dilution and loss of memory.


Palavras-chave


Moçambique; Identidade; Memória; Literatura; Phármakon.

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