A LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO DE LEITORES LITERÁRIOS: A INTERTEXTUALIDADE EM JOGO

Mariana Cortez

Resumo


Norma Discini (2003), em Intertextualidade e o conto maravilhoso, propõe uma tipologia para assimilação do texto-base, a saber: apropriação, paródia, assimilação e estilização, ou ainda, como sugerem os títulos dos capítulos da obra da autora: a desistória, a contra-história, a paráfrase e a estilização. Por essa perspectiva, a pesquisadora analisa obras que são chamadas genericamente de releituras. As obras recebem esse nome porque independentemente da forma de apropriação, seja pela negação seja pelo puro recontar, tomam o texto-base como um todo narrativo. Subvertem ou apropriam-se do começo, do meio e do final da trama narrativa. Toda estrutura e esquema narrativos são trazidos à tona para cumprir um novo propósito, e às vezes, eles aparecem com uma nova roupagem discursiva ou com alterações no percurso narrativo. Essas modificações, por vezes, alteram o nível mais básico da obra, transformando a essência do texto, seja modernizando, pensariam alguns, ou contextualizando, uma vez que as histórias viajam quase sempre por terras distantes.

A partir dessa tipologia, é objetivo do artigo que ora se apresenta identificar obras que fazem referências intertextuais, aludem a outros textos não com o intuito de recontá-los, como aquelas analisadas por Discini, mas como forma de ampliar o sentido da narrativa ou do discurso, sem, no entanto, estarem atreladas a um texto-base.  A referência que há no interior desses textos não pode ser associada à ideia de termo texto-base, visto que não interessa, necessariamente, o texto do qual surge a nova obra, mas a alusão a ele nela identificada.

Isso posto, interessa demonstrar como tais contatos intertextuais são possíveis na literatura infantil contemporânea, ou seja, quais são os tipos de citação propostas pelo gênero em questão e como tais citações, no nosso entender, ampliam o repertório de leitura da criança. Pensar sobre o leitor-criança, nesse momento é importante, já que será nas séries iniciais e com o apoio do mediador de leitura e alfabetizador que a criança será inserida no ambiente de uma leitura prazerosa e significativa. Será, então, fundamental pensar - Como ele, aluno-criança, estabelece as relações entre obras, como adquire repertório, como identifica a personagem, o tempo e o espaço da narrativa? Como sente esse expressa como leitor de literatura? Aparados por tais questionamentos, analisaremos diversas obras do cenário da literatura infantil contemporânea, buscando por meio das análises dar a ver as possibilidades de leitura dos livros infantis.


Palavras-chave


intertextualidade; ensino; leitura; literatura infantil

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