APRESENTAÇÃO

Luana Teixeira Porto, Rafael Eisinger Guimarães

Resumo


Se, por um lado, podemos dizer que a sexualidade humana tem sido, ao longo dos séculos, tematizada de forma direta ou indireta nos textos literários[1], os quais acompanham as transformações culturais e socais que alteram a configuração dos papéis sexuais femininos e masculinos e também a identidade sexual, por outro, quando pensamos na representação da homossexualidade, a presença do tema não recebe a mesma evidência. No caso específico da América Latina, o século XX é o período em que se observa o início da propagação do tema nos textos literários, conforme explica Flávia Perét (2010)[2]. Contudo, isso não implica afirmar que há vozes explícitas de personagens homossexuais em contos, novelas e romances, bem como em textos líricos. O que é perceptível é uma perspectiva de silenciamento ou invisibilidade, mesmo que não total, de vozes homossexuais em textos literários, cujas histórias de relacionamento entre sujeitos do mesmo sexo nem sempre são contadas por aqueles que as vivenciam. Enfim, uma forma de invisibilidade discursiva que, gradativamente, pode ser rompida nas letras latino-americanas contemporâneas.


[1] Para ilustrar essa afirmação, citamos poemas de Gregório de Matos na literatura quinhentista brasileira, os quais abordavam sentidos do afeto e do prazer sexual, e romances de comprovam a presença da temática da sexualidade nos textos literários. “Necessidades forçosas da natureza humana” e “Pica Flor” são dois textos elucidativos dessa perspectiva.

[2] Na literatura argentina, por exemplo, apenas em 1926 o termo “homossexual” foi identificado em texto literário. Surgiu na obra O brinquedo raidoso, de Roberto Arlt.


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